Se você tem filhos, sobrinhos ou convive rotineiramente com crianças, já deve ter se feito perguntas como: “Será que é normal ser tão agitado (a)?”; “Nessa idade ele (a) não deveria estar falando?”; ou “Por que será que ele (a) é tão introspectivo (a)?”. Isso é completamente normal e um profissional especializado pode investigar esses comportamentos através da avaliação neuropsicológica.
Cérebro de óculos fazendo sinal de joinha
À medida que as crianças crescem algumas dificuldades podem aparecer, como de aprendizado, déficit de atenção, dificuldades de socialização, ansiedade, entre outros. O fato é que essas e outras situações podem ou não ser normais, estar dentro do padrão de comportamentos esperado para a faixa etária da criança e uma avaliação neuropsicológica pode auxiliar o médico em um diagnóstico assertivo, assim como na administração de medicamentos e/ou terapias.
Uma avaliação neuropsicológica oferece informações importantes a respeito do aprendizado da criança, o seu desenvolvimento social e comportamental, e também tem o objetivo de auxiliar os terapeutas na criação de estratégias para a intervenção terapêutica, caso necessário.
A iniciativa de procurar uma avaliação neuropsicológica pode partir dos pais, como também de professores, profissionais de saúde que acompanham a criança – sejam médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros especialistas. Vale ressaltar que o quanto antes for identificado algum atraso no desenvolvimento, maiores serão as chances de superar as dificuldades, como atraso no desempenho escolar e/ou comportamentos inadequados, pois nestes casos, faz-se necessário tratamento especializado.
O que é a avaliação neuropsicológica e como ela acontece?
Diferente da avaliação psicológica, a neuropsicológica tem como foco o cérebro e suas influências sobre o comportamento da criança. Deste modo, é importante considerar a idade do paciente para que a análise seja compatível e justa.
Uma avaliação neuropsicológica tem o objetivo de mensurar (medir) as funções cognitivas (cerebrais) responsáveis pela aprendizagem e o comportamento de forma geral. ,As funções cognitivas envolvem a linguagem, memória, capacidade de resolução de problemas, planejamento e organização, coordenação motora, habilidades espaciais visuais e aprendizado (leitura, cálculos matemáticos, ortografia e escrita), além de análise dos aspectos afetivos emocionais e consequentemente o comportamento e a inteligência. A avaliação inclui entrevistas, observação, aplicação de testes e informações de outros profissionais envolvidos no tratamento da criança, além de contato com a escola.
Segundo a psicóloga e neuropsicóloga Vanda Langner, “o processo avaliativo envolve a aplicação de testes compatíveis com a idade cronológica e a obtenção de informações através de entrevistas com familiares e/ou outros profissionais. A entrevista envolve aspectos relacionados à gestação e desenvolvimento da criança até os dias atuais. Além de serem solicitadas informações sobre o desempenho escolar, como comportamento, interação social e adaptação”.
Cérebro de óculos com sorriso no rosto e coroa rosa em cima da cabeça
A neuropsicóloga ressalta ainda que os números encontrados nos testes neuropsicológicos isoladamente podem não significar nada. Por isso, é preciso que sejam acrescidos a essa avaliação resultados qualitativos, ou seja, considera-se a forma com que o paciente realizou as atividades.
Além disso, é preciso também analisar os exames e avaliações anteriores para acrescentar às informações de desenvolvimento. Após todas as informações reunidas e testes aplicados é possível finalizar uma avaliação e encaminhar para o tratamento adequado.
O que pode ser identificado na avaliação neuropsicológica?
Segundo Vanda Langner, “as principais problemáticas encontradas na avaliação neuropsicológica para crianças estão relacionadas à algumas deficiências das funções cognitivas, ou seja, deficiências nos aspectos atencionais, na memória, na linguagem (expressão e compreensão), no processamento auditivo e na velocidade de raciocínio”.
Caso a criança apresente alguma dessas características é possível identificar transtornos como Dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Deficiência Intelectual, Transtornos de linguagem e distúrbios do comportamento como o Transtorno do Espectro Autista, Transtorno Opositor Desafiador, entre outros.
A avaliação neuropsicológica é útil para identificar os pontos fortes e fracos da criança e levará a recomendações para as intervenções terapêuticas necessárias. Ao detectar as dificuldades, o resultado da avaliação pode ser usado na adaptação pedagógica, identificando a necessidade de inclusão escolar e/ou terapias adicionais, por exemplo.
Após a avaliação neuropsicológica, qual o procedimento?
Quando a avaliação neuropsicológica estiver concluída, há uma entrevista devolutiva com os responsáveis pela criança. Nesta entrevista, serão apresentados os resultados da avaliação e sugestões de tratamento.
Quanto mais cedo forem identificadas as dificuldades, maiores serão as chances de resultados positivos no tratamento, melhorando a qualidade de vida da criança.